Suspeito de tentar estuprar catadora de reciclagem é preso; ‘estou revoltada, me sinto um lixo’, diz vítima


]]> Homem é reincidente e cumpria pena em regime semiaberto por outro estupro; mulher conseguiu fugir depois de ser agredida e ter roupas rasgadas na última terça (26). Homem foi detido no Bairro Nossa Senhora das Graças, em Montes Claros
Juliana Gorayeb/G1
Um homem de 30 anos foi preso em Montes Claros, na manhã desta quinta-feira (28), suspeito de tentar estuprar uma catadora de material reciclável na última terça-feira (26). A vítima foi agredida e teve as roupas rasgadas enquanto trabalhava próximo a Rodoviária de Montes Claros em um lote vago, no Bairro Canelas II. Derick Rhanter Silva foi detido na casa em que mora com esposa e filhos, no Bairro Nossa Senhora das Graças. Ele cumpria pena em regime aberto há quatro meses por outro crime de estupro ocorrido em 2014.
Derick Rhanter foi levado para a Companhia da Polícia Militar no Bairro Major Prates, onde foi ouvido. Ele nega que tenha cometido o crime e diz que revidou às agressões da vítima. O homem afirmou ainda que ela tentou roubar o celular dele, mas não explicou porque testemunhas ouviram a mulher gritar por socorro por volta de 7h de terça.
“A vítima está falando que eu ataquei ela na rua. Eu estava passando quando ela estava com o carrinho de catar lixo e me abordou pedindo um celular emprestado. Ela disse que ia ligar pra mãe dela e não tinha telefone. Eu inocentemente emprestei o meu celular, quando ela saiu correndo com o aparelho. Ela entrou para o mato, eu tomei o celular dela e realmente a agredi depois que ela me deu um murro. Os rapazes da construção saíram, eu vim no meio da rua com ela e contei para os rapazes da construção o que ocorreu”, disse o suspeito em entrevista ao G1.
Catadora de materiais recicláveis é agredida durante tentativa de estupro em Montes Claros
Derick Rhanter foi reconhecido por moradores do Bairro Canelas II, que acionaram a Polícia Militar porque ele estava rondando a região. Ele foi questionado pela PM em relação ao estado em que a vítima se encontrava quando a ocorrência foi registrada; a mulher teve as roupas rasgadas e sofreu escoriações pelo corpo. O homem respondeu que ela mesmo rasgou as próprias vestes para incriminá-lo e que sofre perseguição em Montes Claros porque tem um lava-jato que é bem sucedido.
“Se eu fosse culpado mesmo nem minha esposa estaria comigo. Eu sofro perseguição mesmo. Cumpri todos esses anos de pena sem nada, sem ter feito nada contra ninguém, agora estou sendo perseguido de novo”, afirma. O G1 questionou como a catadora de recicláveis imaginaria que o suspeito já tinha passagens por estupro, mas ele não respondeu.
Roupas que o suspeito usava na data do crime foram encontradas sujas de terra nesta quinta na casa dele
Juliana Gorayeb/G1
A PM não descarta que o homem possa ter cometido outros estupros depois que entrou em regime aberto, em novembro do ano passado. Segundo a polícia, ele tem ainda outras passagens pelo mesmo crime em 2012.
“A vítima informou que o autor tentou violentá-la e conseguimos prendê-lo através de denúncias de moradores. O rastreamento estava sendo feito desde o dia 26 e hoje, depois de termos as características dele fornecidas pela vítima, conseguimos prendê-lo. O setor de inteligência descobriu o endereço do suspeito e que ele já tinha muitas passagens por estupros e tentativas”, explica o sargento da Polícia Militar Danilo Santos Rezende.
Até esta publicação, Derick Rhanter permanecia detido na Companhia da PM do Major Prates. O homem deve ser encaminhado à delegacia na tarde desta quinta e o caso será investigado pela Polícia Civil.
O que diz a vítima
Mulher foi até a Cia da PM no Major Prates para fazer reconhecimento do agressor
Juliana Gorayeb/G1
O G1 falou com a vítima da tentativa de estupro ainda na Companhia da PM do Major Prates. A mulher, de 25 anos, disse que andava pelo Bairro Canelas II depois de ter passado a madrugada catando recicláveis junto com a mãe, que também é catadora de materiais. As duas vinham sendo perseguidas pelo homem há alguns metros, segundo a vítima; quando a mãe dela se afastou e seguiu por outro caminho, o homem a arrastou para o terreno baldio.
A vítima conta que na hora da ocorrência ficou muito abalada e só pensou em se defender. Ela já foi violentada nas ruas há alguns anos quando voltava de uma festa. “Não é a primeira vez que isso acontece comigo. Eu fico revoltada, estou arrasada mesmo. A gente se sente um lixo. Não tem como uns porqueiras desses fazerem isso com a gente. Foi Deus que me ajudou porque eu sou forte, tenho costume de pegar peso, mas ele pode até fazer isso com outras pessoas”, diz.
A mulher conta que cata recicláveis desde criança, acompanhada pela mãe e dos sete irmãos. Ela chegou a trabalhar em um bar, mas depois que teve um filho que tem problemas mentais, precisou voltar a catar materiais para se sustentar e poder trabalhar em horários alternativos. A vítima foi ajudada por vizinhos que emprestaram a ela roupas para vestir.
“Ele rasgou minha roupa toda e ainda mentiu para os pedreiros, para que eles não batessem nele. Depois que o pessoal viu minha situação que acreditou no que eu disse. Uma mulher me ajudou a ligar para a polícia, me deu água com açúcar e ainda me emprestou uma blusa do marido dela para que eu pudesse ir embora”, relembra.
Ao ser perguntada sobre o que sente ao passar pela mesma situação por duas vezes, a vítima se emociona. “Eu não consigo nem falar. Da primeira vez, ele chegou a concluir o abuso. Eu fiquei em depressão, sentia nojo de mim mesma, não sabia como olhar para as pessoas. Mesmo eu registrando queixa, ele não foi preso na época. É muito ruim. Dessa vez eu prometi para mim mesma que isso não ia ficar assim, eu queria muito que a polícia prendesse ele”, relata.
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